SELECIONANDO O FOCO

Gustavo Aleixo/Cruzeiro/Flickr

Agora, saem campeonato brasileiro e Copa do Brasil, entram Ancelotti e seleção brasileira.

Já depois de amanhã entramos em campo contra o Chile, no Maracanã. Em seguida, vem a última a partida desta fase eliminatória, na altitude, contra a Bolívia, dia 9, terça. Brasil já classificado. Os jogos servem para mais uma garimpada, a última oficial, na complexa montagem de 11 titulares.

Nação Azul de olho em Fabricio Bruno e Kaio Jorge enquanto aqui, em nossa paróquia, Leo Jardim dará rápido descanso pra turma e depois retoma a burilagem do plantel, com reajustes pontuais  visando as quartas  de final da Copa do Brasil, contra o Atlético, no Mineirão, dia 11, às 19h30. Estamos vencendo por 2 x 0. Nada decidido, porque ainda faltam 90 minutos para o jogo acabar.

Pelo Brasileiro,  retornamos dia 15, contra o Bahia, na Fonte Nova.

    BATE PAPO NO QUINTAL

1. Cruzeiro 1 x 0 São Paulo – Como dói assistir transmissão de jogo do nosso time, com os comentaristas a todo momento salientando a superioridade absoluta do adversário. E a cada momento lembrando que eles jogam com 10 desfalques, enquanto o Cruzeiro está completo! Foi isto que Lédio Carmona e Ramon Mota, na SporTV fizeram quase o tempo todo.  Em nenhum momento se lembraram que estava em campo um time ainda com o psicológico  esfarinhado pela batalha de três dias antes, partida de ida da Copa do Brasil, na Arena MRV. O desgaste cobrava o seu preço. O São Paulo, que vinha de 8 partidas invicto,  descansou e teve tempo de preparar uma meninada boa de bola que, de fato, colocou o Cruzeiro na roda, no primeiro tempo.  A gente sabia o porquê. Os comentaristas, não.  Enquanto a situação permanecia inalterada,  Lédio chegou a classificar de “desastroso” o empate para o Cruzeiro. Se acontecesse, seria mesmo?

2. Cruzeiro feminino também faz história -  É o primeiro clube de Minas numa final do Brasileiro. Disputará o título com o Corinthians, dias 7 e 14 de setembro. Primeira partida, no Independência. Ontem de manhã as cabulosas eliminaram o Palmeiras, por 4 x 3 no placar agregado (1x3 e 1x2) com o Independência batendo recorde de público: 13.533 presentes. O crescimento do futebol feminino pode ser visto pelo aumento expressivo do público. O recorde anterior, também do Cruzeiro, era de 7.829, final do Mineiro de 2022, contra o América.

3. Marcos Mineiro, cruel:

“ Pois é, ...caiu o técnico de lá. Será que não dá pra entender que a derrota em nada tem a ver com o treineiro? Às vezes é preciso entender a superioridade do adversário! Quantas vezes, nesses últimos anos, passamos por isso. A paciência é uma virtude! Nessa partida, houve um primeiro tempo em que partiram pra cima, com  tudo, premidos pela força da torcida, pela necessidade de mostrar serviço. Mas já na segunda metade do primeiro tempo, a diferença entre os times já se notava.  No fim, foi o que se viu: superioridade técnica, física e psicológica... E assim será no próximo jogo!”

Marcos, tomara que seja! Temos de entender que nada está decidido. Entrar em campo como se tivéssemos perdido o primeiro jogo.

4. João de Deus Filho, escrevendo logo após o clássico, justificando o troféu de Guru da Racionalidade:

“Hoje não há nada a reclamar. A não ser do próprio time do Atlético (...) No mais, reconhecer que o Cruzeiro tá num momento bem melhor do que o nosso. Mas momentos não significam títulos ganhos e eu lembro que os azuis estão há 6 anos sem comemorar nada a não ser vitórias. Então vamos aguardar, como dizia um técnico azul.”

Meu caro João de Deus, com a sua sabedoria e experiência de vida, você está fazendo como os bons dentistas: passando xilocaína antes de aplicar a agulhada anestésica.

João, me desculpe mas  no domingo, início da noite, o Atlético reabilitou o Vitória, que vinha de tamancada histórica contra o Flamengo. Com 1 x 0, os baianos conseguiram o seu quarto triunfo em 22 rodadas.

5. E falando em escanteios -  Já recebi dezenas de críticas e alguns palavrões pela minha insistência em combater o nosso absurdo desperdício na cobrança de escanteios. Jogada “ensaiada” que é  de fazer rir... 

Há duas semanas, mesmo, mandei lembrete a Leo Jardim:

“Hoje me interessa perguntar: na Premiere League, quantas vezes você vê atacantes, na intermediária,  dando chutes ridículos, nas mãos do goleiro adversário? Quantas vezes você vê cruzamentos igualmente ridículos nas mãos do goleiro de 3 metros de altura ao saltar com os braços levantados?  A resposta é: nenhuma!

Agora veja o vídeo de nosso jogo contra o Inter.  Conte as vezes que desperdiçamos bisonhamente promissores ataques, com a displicência escandalosa dessas jogadinhas mequetrefes. Repare nossos volantes e até zagueiros atravessando o campo rumo à área inimiga e depois voltando desolados, às pressas, pra evitar um contra-ataque.”

Como o goleiro pula com os braços esticados, é sempre grande a chance de interceptar a bola na pequena área. Então a primeira preocupação na cobrança de um escanteio é  vencer esse obstáculo, escapando do goleiro. A partir daí, várias jogadas ensaiadas, muitas delas com um cabeceio não para o gol, mas para a zona do agrião. 

Foi exatamente assim o nosso segundo gol contra o Atlético. Wanderson cobrou em curva. A bola ultrapassou o espaço dominado pelo goleiro Everson.  Caiu no lado oposto para Fabricio Bruno cabecear, não para o gol, mas para o miolo da pequena área, onde estava Kaio Jorge. Sensacional. “Jogada de almanaque”, dizia-se antigamente.

No pós-jogo, Leo Jardim analisou o lance:

“Tivemos uma progressão muito grande nas bolas paradas. O Cruzeiro tinha muita dificuldade e, hoje, está mais competente nas bolas paradas, ofensivas e defensivas. Mérito da comissão técnica, mas principalmente dos jogadores.”

Garden, será que não sobra nem uma fatiazinha de agradecimento também aos corneteiros? Aqui neste QUINTAL a preocupação era tão grande que se chegou a sugerir a contratação de Marcelinho Carioca, ou Alex, pra treinar nossas cobranças.

E como bons trabalhos geram bons frutos, a vitória do Cruzeiro sobre o São Paulo, sábado, surgiu de cobrança de falta. Aleluia.

6. Turma do Bate Bola – No rescaldo da saída de Cuca, sexta-feira, a irreverente  equipe da Radio Itatiaia, desta vez comandada pelo experiente Emerson Romano, debatia os problemas internos que o Atlético estava enfrentando e que ajudaram a precipitar a queda do treinador. Focando a fase atual de Hulk, mais preocupado em reclamar do que jogar,  Alê de Oliveira, sempre com  uma cascavel de plantão na língua, não perdeu o bote: “Ele gosta mais de cartão do que minha ex-mulher.”

7. Adultização -  Palavra da moda, oportuna,  pra acordar nossa racionalidade. Nos levar a  refletir sobre o que estamos fazendo com nossas crianças. Até uns tempos atrás, sem Internet,  era tudo uma gracinha. Agora gente sem o menor escrúpulo, sem qualquer resquício de consciência,  transforma álbum infantil em material pornográfico altamente rentável. Dá asco até de escrever, mas é esta turma que está lá fora, de plantão, esperando quem sabe a sua próxima postagem.

Lembrando que a adultização de crianças anda de mãos dadas com a infantilização de adultos.

8. Luto -  Quatro horas após o jogo na Arena atleticana, fim de noite de uma quarta inesquecível para a Nação Azul. Alegria encharcando a vida. Foguetório. Buzinaço. Gritos pelas janelas de condomínios. Abraços de machucar. Felipe Otavio Oliveira Dutra, com o manto azul, fazia o que milhões de nós também fazíamos: bebemorar a terceira vitória contra o Atlético, na casa deles. Alegria, alegria. Já podemos pedir música no Fantástico, como lembra Jamilton

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31 anos de idade, feliz com a vida e com o seu time, um esfuziante  Felipe Otavio varava já a madrugada de quinta e fez o que nunca se deve fazer, naquelas circunstâncias: pegou o volante de seu carro.  Entrou pela já  desértica avenida Cristiano Machado e acelerou para o encontro com a eternidade.

Á família, amigos, um abraço de dor pra dividir o peso imenso desse momento.

9. Fred Melo Paiva, desintegrado:

‘Enquanto redijo essa minha receita para a depressão, fica oficialmente confirmada a saída de Cuca, se é que algum dia ele chegou.”

10. Vitinho -   Pra suprir a vaga deixada por Vanderson, cortado da seleção em face de contusão, Lancelotti escolheu o lateral Vitinho, do Botafogo, dirigido por seu filho. 

Isto é nepotismo?

11. Iris Lettieri – Dizem que a memória auditiva é a mais duradoura. Talvez por isso a geração 50+ não esquece de Iris Letieri que, por 37 anos, foi a voz do Aeroporto Internacional Tom Jobim,  mais conhecido como Galeão, no Rio.  Macia, aveludada, quente,  a voz que anunciava chegadas e partidas de voos  acalmava passageiros. Iris faleceu aos 84 anos,  quinta-feira, em sua casa no Botafogo. Em 1993, sua voz foi considerada a mais bonita do mundo.

12. Luiz Fernando Veríssimo -  Herdou do pai, Érico Veríssimo, a mágica de escrever. Considerado um dos  maiores cronistas brasileiros em todos os tempos, também, na semana passada, foi morar  com os anjos, aos 86 anos. Notabilizou-se  por vários livros. O mais famosos deles – O Analista de Bagé – lançado em 1981. Em 2 dias, estava esgotado.  8 meses depois,  já acontecia a 50ª. edição.

                                                                       GARIMPO

“Temos que confiar no amanhã. A não ser que descubram alguma coisa contra ele durante a noite”. 

(Luiz Fernando Veríssimo)