AQUI SE FAZ, AQUI SE PAGA!
- José Dalai Rocha
- 4 de set.
- 4 min de leitura

Abril de 2022. Já sob administração de Ronaldo. Mil problemas aflorando sem soluções. Cruzeiro saindo do tsunami e da pandemia, vivia resquícios de casa da Mãe Joana. Foi nesse contexto que três personagens importantes se transvestiram no papel de Trapalhões pra cuidar do “caso Vitor Roque”, jovem revelação de 17 anos: André Cury, Alexandre Mattos e Ronaldo.
Mattos saiu do Cruzeiro direto para o Athletico Paranaense. Levou consigo uma informação valiosa: a multa pra rescisão do menino de ouro era de apenas 24 milhões de reais, irrisória ante o potencial já revelado pelo jovem.
O Athletico pagou os 24 milhões, pegou Vitor Roque e pouco depois revendeu ao Barcelona por 395 milhões de reais.
Ficamos com cara de tacho. Tão bem orientados quanto cachorro que escorrega de caminhão de mudança.
Até hoje corre ação do Cruzeiro na Justiça, visando uma reparação, difícil ante a nossa inacreditável displicência.
Mas, como dizem, o mundo não gira. Capota.
O Imponderável Futebol Clube entra em campo pra repetir a história, com sinais trocados. Kauã Moraes, de 18 anos, lateral direito é o “Vitor Roque” do novo capítulo. Vestia a camisa do Athletico Paranaense. Craque mirim, cria do Palmeiras desde o Sub-11. No Sub-17 e Sub-20, jogou com Endrick e Estevão.
O Cruzeiro depositou o valor da multa, pouco mais de 10 milhões de reais, e já está com o craque treinando na Toca-2. A diretoria do Athlético está fazendo o que nós fizemos em 2022: esperneando.
BATE PAPO NO QUINTAL
1. Jovem guarda – Está cedo para uma nota definitiva ao português Joaquim Pinto, que assumiu em junho o Scout do Cruzeiro. Mas até agora é difícil segurar os aplausos. A janela de transferências fechou terça-feira última e tivemos tempo de pinçar 4 promessas: Kauã Moraes, de 18 anos, já comentado na coluna; Ryan Guilherme, de 19 anos, volante do Fortaleza; Sinisterra, atacante colombiano; Keny Arroyo, atacante equatoriano, e Andrey Nikolic, meia sérvio, contratado para o Sub-20.
Sangue novo, muito bem-vindo, num time que já está voando baixo. Em outras palavras: temos tudo pra otimizar o que já está muito bom.
2. Ziquizira, urucubaca – Há quanto tempo você, caro leitor e querida leitora, não se encontra com estes termos? Eles voltaram à tona em alguns grupos sociais pelo acirramento da rivalidade entre Cruzeiro e Atlético. Tem a ver com dois temas aparentemente desconexos: o imenso galo de inox, colocado na entrada da Arena MRV e a camisa 92 usada por Dudu.
Vamos por partes, como diria Jack: comenta-se que, pra baratear o custo das 13 toneladas de aço inoxidável usado na armação do galo de 8 metros de altura, o fabricante comprou de vários fornecedores, peças antigas diversas inclusive grades de cemitério, vergalhões usados para tortura, descartados em depósitos de ferro velho. Parte desse material teria se impregnado por dezenas de anos do choro, angustia e desespero de muitas famílias. E estaria espalhando estes fluidos na Arena.
É fato ou fake?
A realidade é que, desde a instalação do Galo de Aço, em abril, o Atlético escorrega num plano inclinado que não tem fim.
Quanto a camisa de Dudu, a “punição” parece ser para o excesso de ridículo. Uma provocação infantil, descabida. Os deuses não deixam passar em branco. O que aconteceu foi um jogo entre compadres, em 1927, pelo campeonato mineiro, visando acabar com a hegemonia do América, até então decacampeão. Não valia nada para o Cruzeiro. Terminou em 9 x 2 para o Atlético. O presidente do Cruzeiro enviou telegrama de felicitações ao seu colega do Atlético. Nada que se possa comparar, nem de longe, ao fantástico 6 x 1, aplicado pelo Cruzeiro, no campeonato brasileiro. As circunstâncias eram outras, apavorantes. O empate levaria nosso time, pela primeira vez, para a Série B. Um episódio tem tanto a ver com o outro, como flor de orquídea e casco de tatu.
A gente percebe, quando Dudu entra em campo com a camisa 92, o Atlético joga com 10. Castigo, pela insanidade da comparação. O péssimo mal gosto da “gozação” sem sentido, um nível de humor tão elevado quanto gilete no asfalto.
Você acredita em ziquizira?
3. Fabio Araujo não alivia:
“Dalai, Sampaoli voltou ao Atlético ganhando mais do que o Jardim. Incrível como os 4Rs tão experientes em outras áreas, vão errar de novo com o argentino.”
Meu caro Fabio, você, eu e alguns milhões de atleticanos pensamos iguais. Sampaoli foi a quarta opção. Tipo navio que está afundando atraca em qualquer porto.
4. Marcos Mineiro foca as novas contratações e lembra que são modestas ante o que gastaram Flamengo, Palmeiras, São Paulo “e o próprio vizinho de Vespasiano.”
Meu caro Marcos, talvez não seja bem assim. Nosso gestor acaba de divulgar que Keny Arroyo, que jogava no Besiktas-Turquia, foi a contratação mais cara feita pelo Cruzeiro, até agora. Lembrando que Fabricio Bruno foi tirado do Flamengo por 44 milhões.
É certo que altas quantias nem sempre se refletem em grandes atuações. Vide Junior Santos no Atlético.
5. Jamilton apoia o blogueiro nas críticas à transmissão de Cruzeiro x São Paulo, quanto ao comentarista Lédio Carmona. Foi mesmo de enojar.
GARIMPO
“Quando dou comida para os pobres, me chamam de santo. Quando pergunto por que os pobres não têm comida, me chamam de comunista.”
(Dom Helder Câmara, arcebispo de Olinda – 1909/1999)