QUARENTENA DA RECONSTRUÇÃO
- José Dalai Rocha
- 10 de mar.
- 4 min de leitura
Agora, com uma folga por semana, o Cruzeiro vai treinar e treinar até sua estreia no Brasileiro, contra o Mirassol, dia 28, às 8 da noite, no Mineirão.
Serão quase 40 dias de reapertos e reposição de peças, juntando cacos, apagando vestígios dos últimos vexames. Jogos-treino no meio do caminho.
Repaginação dentro e fora dos gramados é a palavra de ordem. Tantos talentos vestindo a camisa mais bonita do universo, a busca é por estrutura de jogo em que defesa, meio-campo e ataque executem a mesma música. Ensaiar e assimilar jogadas. Aproveitamento máximo de bolas paradas.
Ao mesmo tempo, diretores aprendendo a travar a língua, recuperando lição básica: palavra é prata, silêncio é ouro.
Tenho insistido neste minifúndio sobre o valor do “media training”. Vivemos o mundo da especialização. Na medicina, cada órgão e cada membro de nosso corpo são foco de um especialista. Na odontologia, no direito e na engenharia, a mesma coisa. Nas relações humanas, pra contatos com jornalistas, ante as câmeras, há profissionais especializados em nos ensinar as melhores posturas. Ninguém nasce sabendo, não é vergonha aprender. Até hoje aprendo. Todo dia. Não para a perfeição, que é impossível, mas pra errar menos.
Inadmissível, num Clube, numa empresa e até na nossa própria casa, ser alvo de tiros da cozinha, por desinformação ou inabilidade social.

BATE PAPO NO QUINTAL
1. Nação Azul brilha de novo – O balanço financeiro do Campeonato Mineiro até agora confirma liderança absoluta dos cruzeirenses na bilheteria. Mesmo com o fracasso em campo, a Nação lotou arquibancadas. Lucro de R$ 4.390.740,08.
Em segundo, vem o Athletic, com R$ 880.256,78;
Em terceiro, o Tombense, com R$ 768.954,08.
Lamentável que, em campo, o VAC tenha alterado o rumo do campeonato.
2. João de Deus Filho passou o Carnaval como gosta – “quieto, em casa, curtindo meu neto e os Beatles…”
Cuidado, netos crescem, vão morar fora… E no Carnaval querem ficar em sua casa…. sem você.
No futebol, o nosso Guru da Racionalidade cai, de novo, na sedução de pegar a mão de Alice e sair passeando no “paraíso”, tal como fez com Menin, Arena Meu Rival Venceu e outros temas pantanosos.
Desta vez a miragem se chama Lyanco: “… é uma grata surpresa pra nós também. Tá se tornando aquele xerifão, que todo time precisa ter…”
Desculpe-me, João, mas aposto no contrário: maldoso, dissimulado, desafiador incontrolável de cartões vermelhos. Ainda vai dar muita alegria, não exatamente pra atleticanos.
3. Pedrinho cai na real – “Estamos criando crises com as nossas próprias mãos”. Aqui, o termo “mãos” tem sentido amplo: palpites inoportunos; avaliações descuidadas, sem a menor cautela quanto a vazamentos; mensagens-bomba em redes sociais. Até então, em rodas de conversa ou grupos sociais, dirigentes cruzeirenses, inclusive o próprio gestor, vinham distribuindo misseis Exocet como se fossem balinhas de hortelã.
4. Marcos Mineiro – como todo cruzeirense – revive decepções antigas ao encontrar nos noticiários a movimentação de jogadores como Vitor Roque (a maior contratação do Palmeiras, em todos os tempos), Estevão e Mauricio. Os três estiveram em nossas mãos. Foram liberados a preço de banana na xepa. Cada um tem sua história. Não se sabe em qual são mais intensas a inocência beirando a idiotice crônica; a vilania; o mau caratismo. Maurício, na gestão de Sérgio Rodrigues e sob as bençãos de Felipão, foi trocado por Pottker do Inter. O Cruzeiro ainda inteirou com 1 milhão de reais.
O ex-presidente do Inter, Marcelo Medeiros, considera que esta foi uma das negociações mais positivas de sua gestão.
Estevão, acolhido como “Messinho” cuidado e treinado pelo Cruzeiro, dos 8 aos 14 anos, foi levado com a facilidade de quem tira pirulito da boca de criança.
Lamentável!
5. Ainda o VAC – Para muitos, virou obsessão do blogueiro falar tanto no Var Amigo Curitibano que decidiu o clássico ao não recomendar revisão do lance em que Lyanco pisa no braço de Dudu. Esqueceria o tema, não fossem os comentaristas lembrando a toda hora o lance no Mineirão, ao focarem erros crassos e decisivos de arbitragem beneficiando, nesta semana, São Paulo contra o Novorizontino e Grêmio contra o Juventude.
Então tá combinado: não reclamem do blogueiro e, sim, dos que comentam arbitragem na TV e Rádio.
6. Halisson Souza não alivia:
“Enquanto o cruzeirense continua culpando VAR, reclamando de arbitragem e se esquece de olhar pra limitação do seu time medíocre (desde o ano passado) a situação continuará. (…) Torço pra que piore.”
Meu caro Halisson, quem não esquece da Mão Grande no clássico são os comentaristas. Eles se lembram daquele lance sempre que abordam outras derrapadas recentes da arbitragem, como os já citados. É inevitável. Não se pode tapar sol com peneira: a não expulsão de Lyanco, em falta de clareza absoluta, mudou a história do jogo e do campeonato. Isto é fato.
Quanto ao nosso time, concordo, ainda não deu liga, mas dará com toda certeza. Estamos na quarentena da ressurreição.
Você confessa que torce pra que a situação piore no Cruzeiro. Precisa falar?
Como você acha que queremos ver o Atlético?
GARIMPO
“O inferno são os outros”.
(Jean-Paul Sartre)
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