CO-LIDER TEM 2 SEMANAS DE FÉRIAS!
- José Dalai Rocha
- 16 de jun.
- 6 min de leitura
Com os mesmos 24 pontos do Flamengo, Cruzeiro tem a liderança do Campeonato Brasileiro dividida. Pelo critério oficial de saldo de gols, o Flamengo assume a ponta. Pelo critério subsidiário de vitória no confronto direto, a liderança seria azul.
De uma forma ou de outra, esta pausa nos deixa numa situação excepcionalmente confortável, pelos méritos conquistados ao longo da caminhada. Entre os comentaristas de futebol não há quem deixe de colocar o Cruzeiro entre os três favoritos ao título, considerando a situação atual do Brasileiro.
A pausa tem lado bom e ruim. No último, está a interrupção do momento vivido pelo Clube, ritmo acelerado, atropelando grandes adversários, como Flamengo e Palmeiras. No lado bom está a recuperação e volta de craques que fazem falta no elenco, como Matheus Henrique e Japa.
Em 2014 o Cruzeiro também era líder e o campeonato brasileiro foi paralisado por causa da Copa do Mundo. Voltou depois, o Cruzeiro se manteve na liderança e foi campeão.
Que a façanha se repita.

BATE PAPO NO QUINTAL
1. Alejandro – às vezes, como aconteceu quinta de manhã, exagera no chá de Ayahuasca. Passa a manusear bomba de napalm como se fosse kinder ovo. Reduz a nada as gravíssimas declarações de Lyanco admitindo que pelo seu modo agressivo de jogar vai um dia quebrar a perna de um adversário (?). Alejandro passa pano, lembrando que também tivemos Kleber, o Gladiador, e temos Fagner… Não dá pra entender bem…
Quanto ao vexamão de Buenos Aires, contra o Botafogo, admite que o Atlético fez feio, mas o time carioca não era o mesmo que tomou a virada histórica contra o Palmeiras em 2023.
Algumas modificações, sim, mas era o Botafogo disparado na liderança do Brasileiro.
Impraticável, camuflar vexamão de Buenos Aires pra debaixo do tapete.
Meu caro Alejandro tampar sol com peneira tem a mesma valia de canivete sem cabo que perdeu a lâmina.
2. Imponderável F.C. – Tudo isto acima estava escrito até quarta-feira, antes do inacreditável Vitória x Cruzeiro, no Barradão transformado em área alagada. Não achei nem justo nem ético alterar. A véspera daquele jogo refletia o estado de espírito de cruzeirenses e atleticanos, motivados pela expectativa de liderança e as absurdas declarações de Lyanco.
Pós jogo, a crítica mais recorrente de grupos azuis era a de que com Alexandre Mattos a partida teria sido suspensa, ante a absoluta impossibilidade da prática de futebol. Seria mesmo? Óbvio que não. Jogadores e dirigentes já estavam com mini férias marcadas a partir de sexta-feira, viagens programadas, passagens compradas, etc. Quem iria lutar pelo adiamento?
E a partida se realizou, mesmo sem as mínimas condições, vindo a acontecer, no final do primeiro tempo, uma disputa de bola entre Eduardo e Jamerson, resultando em grave lesão no defensor baiano. O árbitro carioca Alex Gomes Stefano inicialmente mostrou cartão amarelo para o meia cruzeirense e em seguida, constatada a gravidade da lesão, trocou pelo vermelho, expulsando. Sem êxito, o capitão Lucas Romero reclamou, mostrando que a gravidade do lance decorreu das condições do gramado numa disputa normal pela bola.
Neste minifúndio, atleticanos tão apressados quanto fanáticos logo trouxeram ao debate as declarações de Lyanco, com a conclusão absurda de que Eduardo praticou o que zagueiro prometeu. Estão correlacionando orquídea com focinho de javali. Uma coisa não tem absolutamente nada a ver com a outra. A lesão provocada na disputa de bola entre Eduardo e Jamerson foi acidental. Lyanco insanamente anuncia um crime.
Com seis pontos nos últimos dois jogos, o Atlético subiu para o sétimo lugar e a torcida, querendo esquecer o calote geral que o Clube aplica hoje, faz passeata na Savassi. Pouco importa se, tanto contra o Ceará quanto o Internacional, o goleiro Everson foi o melhor em campo. O negócio é festejar. Após as inacreditáveis declarações de Lyanco, a infelicidade do lance entre Eduardo e Jamerson está sendo projetada como “vingança” contra o Cruzeiro. Difícil de entender. Mas vamos por partes, como diria Jack:
Roberto Cardoso de Sousa pontua:
“Tirar do contexto uma fala, forçar a barra de uma interpretação para ACUSAR … Assim sendo, fico com Mario Quintana que teria dito: “O homem, eternamente escravo de suas paixões, é absolutamente incapaz da imparcialidade.”
Meu caro Roberto, vou transcrever, novamente, a fala de Lyanco, destacada em letras garrafais na própria edição da entrevista ao Estado de Minas. Antes, ele admite estar fazendo tratamento antidepressivo, inclusive por crises de pânico. Não vou comentar nada, em seguida. Releia serenamente se possível. E tire suas conclusões:
“Não sou maldoso, nunca chego pra quebrar a perna de alguém, para tirar o cara do jogo. Uma hora ou outra vai acertar, mas nunca vai ser com essa maldade no coração.”
3. Agora Vai! – transveste-se de “vexamólogo” com PhD em Cambridge pra potencializar os fracassos do Cruzeiro ante o Sousa e o Muschuc. Estes, sim, seriam um “vexamão”…
Já o Atlético, ante o Flamengo na Arena MRV e Botafogo, em Buenos Aires, apenas perdeu enfrentando adversários que, no momento, eram superiores.
Meu caro, quem escreve e gosta, assim como você e eu, temos uma espécie de “licença poética” pra cometer um exageirinho aqui ou ali. Coisa pequena, que jamais inverta a lógica dos fatos. Que agrida o bom senso. Que colida com fatos!
Sim, temos nosso Sousa e o Muschuc, assim como Atlético tem o Afogados e outros similares…
Digamos, vexames em disputas de colégio.
Mas construir uma polêmica Arena “própria”, com discutíveis antecedentes, e não saber nem perder o primeiro título nacional disputado lá, é de pedir o chapéu. Quebradeiras, invasão de campo, tentativas de homicídio…
Se isto não é vexamão, você tem de sugerir outro nome.
Mal curadas as feridas, surge Buenos Aires. Disputa final da Libertadores contra o Botafogo.
40 segundos de jogo e o principal volante dos cariocas foi expulso. Meu filho Gustavo, atleticano, estava lá. Meu genro Matheus, botafoguense, também. O que me disseram sentir, logo após a expulsão: Gustavo já anteviu a entrega da taça ao capitão atleticano. Matheus: “com a convicção de tudo perdido, olhei em volta, pra ver se dava pra sair do estádio e era impossível…”
Neste minifúndio, onde quase tudo acontece, há atleticanos defendendo a tese de que o Botafogo, com 10 ou 9, seria imbatível…
O que vimos, nos minutos seguintes em Buenos Aires, foi a mais espetacular reversão de expectativas do futebol: quem era pra avançar, se encolheu. Quem era pra recuar, avançou. Quem tinha 10, parecia ter 20. Quem tinha 11 parecia ter cinco.
Se isto não é vexamão-2, precisa urgente de novo batismo.
4. Ainda o lamentável lance com Eduardo – Como acontece com o raríssimo alinhamento dos planetas, foi necessária uma série de circunstâncias excepcionais para que o acidente ocorresse. Primeiro, a novidade da Copa do Mundo inter Clubes; segundo, a consequente suspensão já anunciada do campeonato brasileiro, com a decisão de miniférias para os jogadores, no Brasil, após a rodada de quinta-feira; o temporal em Salvador, transformando o gramado em um lago raso; a “obrigatoriedade” de realização da partida, em razão do início das miniférias no dia seguinte; a casualidade da disputa de bola, entre Eduardo e Jamerson e a infelicidade da lesão.
Em outras palavras, em situação normal, sem essa série de circunstâncias interligadas, a partida seria adiada.
Nada a se comparar com a triste ameaça feita por Lyanco.
5. Eleições na FMF – Serão amanhã. Castelar Guimarães Neto será eleito por aclamação, pois ninguém conseguiu formar uma chapa de oposição. Nem mesmo Alvimar Perrela. Castelar substituirá seu primo Adriano Aro continuando uma dinastia que vem lá de trás, do tempo do coronel José Guilherme.
O processo eleitoral da FMF deveria ser articulado pela Vara de Sucessões.
6. Quem é o Atlético Mineiro? – O empréstimo de Palácios a time dos Emirados Árabes rendeu um hilário vídeo feito pelos ricaços do petróleo, divulgando a contratação. É aberto pela foto do atacante, tendo como pano de fundo o Maracanã e o Cristo Redentor…
7. CPI das Bets – Lamentavelmente, deu em nada. Como não acontecia há mais de dez anos, foi rejeitado o relatório da CPI. Os brasileiros destinaram até 30 bilhões de reais por mês para apostas no primeiro trimestre deste ano.
E o que é gravíssimo: R$ 3 bilhões, via Pix, de beneficiários do Bolsa Família.
GARIMPO
“Todo golpe de Estado bem sucedido parece testemunhar a inteligência estratégica de seus líderes, sua capacidade de planeja-lo em detalhes e de aproveitar o momento certo para desfecha-lo. Toda tentativa de golpe fracassada assemelha os seus preparativos a conversa de botequim, sua realização a uma pantomima mal ensaiada e encenada por parlapatões.”
(Maria Hermínia Tavares, Folha de São Paulo de 12/06)
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