ALEGRIA, ALEGRIA!
- José Dalai Rocha
- 2 de jun.
- 4 min de leitura
Com dez minutos de jogo, o narrador Romulo Mendonça, do Amazon Prime, denunciava entusiasmado: “O Cruzeiro está imoral”!
Um placar inimaginado apontava inacreditáveis 2 x 0. O Cruzeiro vencendo o time líder que não perdia fora de casa desde novembro do ano passado. Seria possível sonhar com esta vitória? 57 mil torcedores acreditaram que sim e lotaram o Mineirão.
Mais uma vez, nosso meio de campo poderia ser preso em flagrante, por tanta roubada de bola. Vareio sobre uma equipe colocada dentre as melhores da América. Era difícil acreditar no que a gente via em campo. Superioridade, intensidade, eficácia de ataque, vantagem impressionante nos duelos individuais, com destaque para Kaiki sobre Estevão.
Nesse jardim florido, pra não dizerem que faltou falar de espinhos, vou fazer um lembrete ao nosso treinador: considere, por favor, a conveniência de substituições após os primeiros 15 ou 20 minutos do segundo tempo, com base nas reservas de oxigênio de quem está em campo. O adversário renova os pulmões e alguns de nossos craques continuam estropiados em campo. O risco é potencializado. Com tanto êxito conquistado, cheira a ousadia dar esta cornetada. É uma tentativa de melhorar o que já está bom.

BATE PAPO NO QUINTAL
1. Justiça seja feita – O jornalista Jaeci Carvalho, em sua coluna dominical no Estado de Minas, surpreendeu com a impressionante confiança na vitória, a começar no título “Cruzeiro embalado para assumir ponta do Brasileirão.”
Durante todo o texto, Jaeci não admitiu qualquer dúvida de que a vitória seria do Cruzeiro. Lembrou que deixou de ir a Munique, na decisão da Champions, pra aplaudir, no Mineirão, a façanha azul.
2. Semana e meia de folga – Um justo descanso aguarda os craques cruzeirenses a partir de hoje. O próximo jogo, último antes da pausa para o mundial de Clubes, será dia 12, quinta-feira, às 19h, contra o Vitória, em Salvador. Até lá, um colírio para os olhos é conferir a tabela de classificação.
3. Alejandro corrige o blogueiro:
“… houve um equívoco no seu texto, o mundo ficou trancado em casa foi a partir de 2020. Em 2019 o mundo não estava trancado em casa, lembro bem que no finalzinho do ano, em BH, houve muito choro ranger de dentes no Mineirão, com direito a quebradeira que até a Fé saiu correndo…
Quanto a comédia, obrigado pelo elogio. Quem sabe pode ser uma carreira a seguir, né? Não curto muito o Porta dos Fundos. Acho que são meio forçados, minha inspiração para a comédia vem dos textos deste blog mesmo.”
Meu caro Alejandro, os episódios são sucessivos. A cronologia correta é esta:
Dezembro-2019 – Descoberta do tsunami interno, coincidindo com a queda do time para Série B e a renúncia do presidente Wagner Pires. Como vice-presidente do Conselho Deliberativo, tendo ocorrido, semanas antes, também a renúncia do presidente Zezé Perrela, assumi a presidência do Clube.
O que separou o tsunami interno e a pandemia foi um espaço ocupado pelos sonhos no Cruzeiro. Inesquecível a dualidade de sentimentos: revolta extrema à medida em que se configurava a terra arrasada e a necessidade de reação. Motivação excepcional do Marketing, do Conselho Gestor, com o comovente apoio da torcida, no planejamento de como iriamos disputar a Série B. Já falei aqui sobre esse tema. Iriamos dar show até quanto a minuto de silêncio e durante o hino nacional, assumindo posição de reverência, respeito. Um exemplo vindo das arquibancadas. Fim do jogo, trabalho de japonês. Deixando o estádio limpo. Sonhos e sonhos. Interrompidos quando, de repente, o mundo foi trancado em casa. Grupos que se reuniam diariamente na sede do Clube não puderam mais se ver.
Boletos, porém, não pararam de vencer.
A pandemia pegou o mundo todo, dizem sempre os atleticanos pra sapatear em cima de nossos três anos na B. Não foi privilégio do Cruzeiro. Mas o tsunami, que veio antes, foi um inferno próprio. Só cruzeirense.
4. Lautaro e Gamarra – Ter os dois, atuando juntos num mesmo time, é masoquismo, provação ou maldição?
5. Arena MRV – acústica nota 10 – No pós jogo contra o Cienciano, a torcida atleticana decidiu espontaneamente testar a acústica. O estádio parecia uma caixa de ressonância. O brado de “Time sem vergonha!” pôde ser ouvido até em alguns quarteirões do bairro California. A Arena não é mais muda e surda.
6. Gramado – Continua o vilão maior da Arena Meu Rival Venceu. Nem bem o novo tapete sintético foi inaugurado, após guerra até alfandegária, e já há movimento incipiente pra volta da grama natural. Quem entender que explique, por favor.
7. Meia hora de açougue – Pancadaria geral, livre, no setor político do QUINTAL. Não tive coragem de cortar, pra escarnar ainda mais esse choque de realidade. O Brasil com tantos problemas reais, absurdos, como esta fraude criminosa na Previdência Social, iniciada no governo Bolsonaro e vicejando solta no governo Lula, passando também por esta incrível e insensata febre das apostas (68 bilhões de reais gastos em um ano), e boa parte de nós se digladiando pra ver quem é o candidato pior. Já estive dos dois lados e me arrependi por manter a visão estreita de que nosso futuro estaria atrelado sempre a um dos dois. Será que não merecemos uma terceira via? Votar em alguém porque é o mais preparado?
8. Fred Melo Paiva – Na sua coluna de sábado, no Estado de Minas, pós jogo contra o Cienciano, não escondeu o baixo astral, desde o título: “ A gente assiste o Galo morrer e ninguém faz nada.” E no subtítulo: “O mais assustador nesse estado de coisas é o desânimo generalizado que a situação impõe ao torcedor. Veja bem, não é revolta, é desalento.”
9. Antídoto – Na Barraca Atleticana foi encontrado, rápido, o antídoto para esse climão: Sousa e Muschuc. Requentar fiascos passados pelo Cruzeiro. Não resolve problemas internos, mas atenua pancadas. Reencontrar Alice, também ajuda. O paraíso dela está dentro de cada um de nós. É só fechar os olhos e abrir os sonhos, não é mesmo meu caro João de Deus?
GARIMPO
“A imaginação é a metade da doença, a tranquilidade é a metade do remédio e a paciência é o primeiro passo para a cura.”
(Ibne Sina, extraordinário filósofo e médico persa, c.980-1037))
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