JARDIM TURBINADO

Mauricio Simões / Cruzeiro / Reprodução

Espécimes jovens, raras e caras passam a integrar o jardim azul:  Keny Arroyo e Luis Sinisterra. Demoraram a entrar. Só na metade do segundo tempo.  Em campo, deram logo o seu recado, ajudando a virar o jogo. Arroyo tem 19 anos. Sinisterra, colombiano, 26. Substituíram quem, cansado, jogava bem. Jogaram melhor ainda. Entraram  com o Cruzeiro perdendo por 1 X 0. Aos 32 empataram. Aos 40 viraram, óbvio, com a contribuição de todo um time azeitado. 

Keny Arroyo, equatoriano, jogava na Turquia e custou ao clube mais de 50 milhões de reais. Foi a contratação mais cara, até agora. Em campo, é o tipo de jogador “ensaboado”. Difícil de segurar. Exatamente, uma de nossas carências.

Leo Jardim, agora, caminha pra perder o resto de seus  fios de cabelo: Matheus Henrique, que substituiu o suspenso Lucas Silva, capitão do time, foi escolhido o melhor em campo, pela Rádio Itatiaia. Wanderson e Christian que vêm sendo apontados como o termômetro da equipe, com excelentes atuações, foram substituídos e o time fez a espetacular virada, acabando com a longa invencibilidade do Bahia na Fonte Nova.

O ideal, pra  Leo Jardim, é que o Cruzeiro pudesse entrar em campo contra o Bragantino, domingo, às 20h30, no Mineirão, com 15 jogadores.

Não pode. Toda expectativa no mundo azul se centraliza na seleção interna que Jardim terá de fazer nas próximas 48 horas. Ele está provando que é bom nisto.

BATE PAPO NO QUINTAL

1. Sérgio Campos Galo, estagiando com Mãe Dinah, vaticina:

“Engraçado que, ano passado, nessa altura do campeonato, o Dalai só falava sobre sul-americana. No final do ano, o Atlético será campeão da Sula e o Cruzeiro terceiro no Brasileiro. Quem teve o ano melhor?”

Meu caro Sérgio, no futebol – como sabemos – tudo é possível.  Vamos aguardar mais uma três rodadas, lá e cá, pra ver se você é bom estagiário.

2. João de Deus Filho, nosso Guru da Racionalidade, admite:

“O Atlético está muito mal e será preciso muito trabalho do Sampaoli pra erguer esse time. Acho até que podemos sonhar com a Sulamericana. Mas precisamos mudar muita coisa pro ano que vem.”

3. Jamilton, inspirado, na tarde de segunda-feira:

“Hoje vamos escrever mais um capítulo da história de reconstrução do nosso time. Será contra o bem treinado time do Rogério Ceni, na Arena Fonte Nova. Vamos com tudo pra ganhar mais 3 pontos.”

Jamilton, quero puxar um pouco de brasa pra minha sardinha: também previ, na coluna de segunda, que o Cruzeiro faria bonito e, mais ainda,  que Sinisterra nos daria muita alegria.

4. Fundador AGC derruba o blogueiro:

“Alguns bons cruzeirenses têm voltado a frequentar o estádio. Pessoas que se afastaram em 2017 por causa do Itair Machado. Recentemente, vi no Mineirão o Toninho Assunção. Estava com a família, não quis atrapalhar. Mas muito bom ver o Cruzeiro e o cruzeirense voltando para o seu devido lugar. Fico no aguardo de voltar a encontrar você e dona Sara que sempre foram figuras carimbadas no gigante da Pampulha.”

Você me levou à lona, recordando aqueles  tempos memoráveis. Éramos uma imensa família fazendo piquenique no território azul do Mineirão. Com 60 anos de casado,  no meu livro “Quintal do Dalai” escrevi no prefácio:

“À Sarinha, pelos 60 anos de caminhada e de Mineirão.”

5. Guilherme Dugalo abre o jogo:

“Calma Dalai! Eu entendo sua emoção. Afinal seu time quase acabou!  São seis anos dos caras sem um estadual. É claro que vão comemorar igual uma Copa do Mundo. Faz parte. Hulk está aí desde 21 e é o primeiro mata-mata que sai pro Cruzeiro. Uma hora ia acontecer. Juntar os cacos e seguir o jogo. Falando de futebol, deu a lógica e o time mais organizado venceu. É só o início de trabalho de  Sampaoli e, sim, já deu pra ver ideias dele ali.  Falta eficiência, confiança e qualidade individual pra executar.  Esse time vai jogar bem com o careca ainda neste ano.”

Guilherme, nesses “seis anos sem um estadual” não se esqueça do tsunami e da pandemia. Só nós tivemos essa dupla do inferno.

6. Jamicel, comentando a coluna “Pra frente e para cima”:

“Estamos de volta, após longo inverno!”

Jamicel escreveu antes do jogo contra o Bahia!

7. Gabigol -  imagino sua noite de sono segunda-feira, pós jogo contra o Bahia.  Craque, com a humildade de amargar banco há tanto tempo, entra no jogo  aos 25 do segundo tempo, Cruzeiro perdendo. Vê o empate, com Sinisterra, aos 32 minutos. Aos 40, recebe a bola na intermediária baiana, ajeita e dispara no canto direito do Ronaldo.  Golaço. Prêmio à grandeza de saber esperar sua vez.

8. Dudu – veio com Gabigol, já trazendo  polêmica em sua mudança.  Faltaram-lhe dois elementos básicos que sobraram em Gabigol: prudência e paciência. Aumentou mais polêmica em sua bagagem na ida para o Atlético.  Fez do simples ato de escolher o número de sua nova camisa, mais uma prova de sua pequena  estatura moral: ficou com o 92, pra machucar, na sua concepção, os cruzeirenses por causa de um jogo de compadres em 1927, pelo Mineiro. 9 x 2 para o Atlético.  O tema já foi abordado neste QUINTAL várias vezes. Talvez Dudu seja o único que não saiba dos entornos dessa partida. De qualquer forma, se dispôs a uma encenação mesquinha, ridícula, pensando ser isto um passaporte pra cair nas graças da massa atleticana. Não foi. Preterido, é agora alvo predileto na barca de dispensa. A vida cobra!

9. E agora, José? Um dos pontos mais badalados pelos atleticanos, pra louvar sua SAF e criticar a nossa, é que reservamos para o Clube apenas 10% do patrimônio, enquanto o Atlético preservou 25%. Agora, na reunião do Conselho Deliberativo atleticano,  terça-feira, foi aprovado o fim  da cláusula “anti-diluição”, exatamente a que salvava ¼ do patrimônio para o Clube. Poderão ser negociados mais 15% da Associação por um novo aporte na SAF. Ou seja, tal e qual.

10. Rogério Ceni –  Depois do jogo, o técnico do Bahia não percebeu que seu anjo da guarda foi lá fora ver se continuava chovendo e acabou atropelando criancinha na faixa com  sinal fechado. Afirmou que o Cruzeiro “não fez nada, só jogou nos 15 minutos finais...”

Não fazendo nada, o Cruzeiro fez virada espetacular. E se fizesse alguma coisa?

11. Hulk – pesquisa revela: tem mais cartões amarelo do que gols.

12. Árbitro perdeu média -  O jovem arbitro que apitou o jogo contra o Bahia, o paulista Flávio Rodrigues de Souza, tomou estranha decisão já no primeiro minuto da partida: numa jogada que depois se repetiu várias vezes e não teve a mesma punição, deu cartão amarelo para o meio-campista Christian. Ele é também um dos principais marcadores do time. Uma atitude intempestiva, perigosa, e que só por sorte não influenciou no resultado final.

GARIMPO

“ O tigre e o leão são mais fortes, mas o lobo não trabalha no circo.”

(Provérbio siciliano)