AINDA É TEMPO PRA SER FELIZ?

(Por Rafael de Novaes Rocha)

Domingo, 19h30. Mineirão abarrotado. Partida valendo a liderança do campeonato.

Nem o mais iludido dos cruzeirenses poderia imaginar este cenário há poucos meses. E, de repente, assistir aos jogos do Cruzeiro deixou de ser um fardo. O futebol vistoso da jardineta é um deleite e torna espantosa a comparação com a equipe modorrenta que iniciou a temporada. 

Mas resta a dúvida: até onde pode chegar este time? Contra o Palmeiras, o Cruzeiro colocará à prova suas pretensões na temporada. Não somos favoritos na maratona dos pontos corridos. Nosso elenco é mais curto e tem menos gabarito que os do Flamengo e do próprio Palmeiras. Num calendário apertado e cruel com o físico dos atletas, é essencial um elenco recheado de repertório e alternativas.

Ainda assim, é impressionante o vigor e a qualidade que Leonardo Jardim deu ao time que, hoje, joga um melhor futebol que seus rivais favoritos.

Se mantida a consistência, é muito provável que briguemos pelo título até as rodadas finais. Ter uma competição a menos é algo que pode compensar pelo elenco “curto” cruzeirense. Elenco este que terá reforços pontuais e que virão para agregar ao modelo de jogo de Jardim. Desde que o português ganhou as chaves do departamento de futebol do clube, esta tem sido a filosofia: contratações que agreguem ao estilo de imposição física da jardineta; jovens; e com potencial de revenda.

O que espanta nisso tudo é o efeito quase imediato que o ostracismo e desidratação de Alexandre Mattos tiveram no ambiente cruzeirense. É o velho jargão de que a bola não entra por acaso. Louros, novamente, a Pedro Lourenço, que corrigiu a tempo o rumo da nau cruzeirense e apostou todas as fichas em seu comandante português.

Independentemente do resultado de domingo, é fato que a chave virou. A tendência é de alta e as expectativas para o restante da temporada são positivas. Depois de tantas turbulências no primeiro ano da gestão de Pedro Lourenço, o caminho parece, finalmente, promissor.

Curtir o Cruzeiro é bom demais. E ainda é tempo pra ser feliz!

Gustavo Aleixo/Cruzeiro/Flickr

BATE PAPO NO QUINTAL

1. Adeus Sula – O Cruzeiro encerrou ontem sua vexatória participação na Sul-Americana. A despedida teve o mesmo tom da campanha: futebol mal jogado e pouca vontade. Boa parte da partida tivemos um jogador a mais e, mesmo assim, não conseguimos impor nenhuma agressão ao Unión de Santa Fe. Ainda teve pressão dos argentinos, suportada com as inseguras defesas de Leo Aragão. No fim das contas, a partida serviu para ampliar nossa sequência de invencibilidade e dar descanso ao nosso time titular. Foco no Brasileiro!

2. Bastidores alviverdes – Todo o cuidado é pouco quando o assunto é CBF, VAR e Palmeiras. Com a proximidade do clássico Palestra, vale relembrar o histórico recente do confronto, que foi marcado pelo favorecimento palmeirense. Gol bisonhamente anulado no gramado sintético paulistano e jogo sem torcida no Mineirão. Todos sabemos para qual lado a corda costuma arrebentar.

3. Despedida e esperança – Fico por aqui, com a esperança de que a crescente cruzeirense se confirme nos próximos meses. Apesar de ser um pessimista irremediável, estou confiante. Ainda, cabe sempre o disclaimer que os próximos tópicos da coluna ficam a cargo do blogueiro titular; ou seja, não me responsabilizo pelos impropérios ditos a partir daqui. 

4. E agora, José? –  Os noticiários de segunda-feira trouxeram uma “bomba”: o zagueiro Lyanco e o técnico Cuca admitiram que deveria haver expulsão naquele lance em que o atacante corinthiano é seguro com as mãos, impedido de prosseguir.  Como Lyanco já tinha um amarelo, o segundo resultaria em expulsão.

Na última coluna, abri um tópico do Bate Papo com este título: “Árbitro, uma vergonha à parte”, para focar a tibieza do gaúcho Rafael Rodrigo Klein  deixando-se envolver pelo esquema atleticano liderado por Hulk de reclamar de tudo. Encerrei o tema, assim:

“Em razão da submissão de Rafael Klein (Hulk ironizava com aplausos ostensivos), não encontrou força para cumprir seu dever expulsando Lyanco, com um segundo amarelo ao segurar Hernandez no meio de campo, impedindo que partisse livre para a área atleticana.”

Cuca arremata: “O árbitro poderia, sim, ter dado o segundo amarelo para Lyanco, expulsando o zagueiro.”

E aí, Barraca Atleticana, como vamos chupar esta manga?

A solução é a mais clássica e antiga do mundo: quando você não tem argumentos, finja que não vê, deixa passar, e, principalmente, requente temas que podem incomodar o Cruzeiro, como desclassificação da Sul-americana, etc. etc. 

E estão mesmo batendo nessa tática, com um entusiasmo juvenil. Vale tudo pra não falar em Atlético atual. Alejandro, querendo impressionar o Porta dos Fundos, apresenta um script de comédia “denunciando” que o Covid teria saído do Barro Preto pra contaminar a China e, de lá para o mundo… Você tem futuro, Alejandro.

5. Pedro, sem  perceber que seu anjo da guarda trocava de turno, atropelou cadeirante na faixa:

“Desta vez eu acredito. O grande cientista chinês JiankuiMuschuc, falou que dessa vez será o contrário, a pandemia que atingiu somente o Cruzeiro em 2019, dessa vez irá atingir todos os times, menos o azul. “O Cruzeiro irá passar como um tsunami pelos seus adversários, comentou o jornalista luso-chinês Wu Xin Souza”.

Pedro, descontadas as brincadeiras  nessa tática diversionista de camuflar os dramas próprios, você comete grave equívoco epidemiológico.  Como assim  “a pandemia só atingiu o Cruzeiro em 2019”?

Pelo próprio sentido do termo, pandemia é mundial.  Lembra?  O mundo ficou trancado em casa, a partir de 2019.

Quem só atingiu o Cruzeiro e foi diretamente responsável por arrasar o time antes da pandemia, foi o tsunami interno. Isto são fatos.

Entendeu agora?

 GARIMPO

“Quem é do bem, uma hora a chave vira e começa a dar certo”.

(Lucas Silva, volante do Cruzeiro)