75% DE POSSE DE BOLA, PRA QUÊ?
- José Dalai Rocha
- 10 de abr.
- 5 min de leitura
Não sabemos o que fazer, além de trocar passes no meio de campo até perder a jogada. A gente duvida do que vê, nem acredita que estejam mesmo vestindo o manto aqueles craques que brilhavam em outros clubes. O adversário, o Mushuc Runa, é um time valente, de origem indígena, do Equador que pela primeira vez joga contra brasileiros. Mostrou esquema, jogadas ensaiadas, inclusive nos escanteios, de onde surgiu o gol da vitória.
Quanto a nós, mais uma vez, mostramos um ajuntamento, não um time. Ainda bem que não havia torcida em campo. O torcedor teria direito a reembolso do ingresso, além de um valor a título de danos morais. Uma vergonha. Dia 5 foi paga a folha mensal de março, 20 milhões de reais!
Nos últimos 44 jogos tivemos apenas 11 vitórias. Estamos vivendo do passado, mas ele não é inesgotável. A reação não pode demorar.
BATE PAPO NO QUINTAL

1. Leo Jardim – No pós jogo lembrou que esse elenco não foi montado por ele (?). Em 90% dos casos o treinador chega para um clube e encontra os jogadores já contratados anteriormente. Isto é o que acontece. Esse elenco do Cruzeiro, que muitos clubes gostariam de ter, se bem treinado e reposicionado, sem dúvida teria melhores resultados.
Nas indagações técnicas, sobre os problemas que o time apresenta em campo, Leo Jardim explica com fórmulas inócuas. É como se o médico receitasse três goles d’água pra quem está sofrendo ataque cardíaco. Lamentável.
A única noticia alvissareira, Leo Jardim disse que não está preso a contrato. Se ele praticamente confessa que não pode fazer melhor, está faltando só a coragem de dizer adeus.
2. Fala Sério (?) – Voltando ao Brasileiro, em alentado texto, escrito segunda feira, pós Atlético 0 x 0 São Paulo e Internacional 3 x 0 Cruzeiro, só aborda o último jogo, ignorando a frustração de seu time. Passou a semana “goleando o adversário”, reproduzindo mantras como “a última vitória do São Paulo foi antes de inventarem a caneta esferográfica…” Em campo, o primeiro tempo um vareio paulista em cima de um Atlético atordoado ante a reversão das expectativas. Com direito a baile de Ferreirinha em Natanael. Lyanco, a cada jogada pedia pra ser expulso, acabou sendo atendido pelo árbitro, apesar de 30 minutos de atraso. Sobre tudo isto, Fala Sério fala nada! Como se não tivesse ocorrido. Mas se alonga nas análises sobre a administração cruzeirense, time, novas contrações etc, etc, e salvando árbitro e VAR das críticas sobre a péssima atuação em Porto Alegre. Foi a única voz discordante do resto do país. Para a unanimidade dos analistas de arbitragem, a falta que originou a expulsão de nosso zagueiro, não existiu. Simples assim.
Tentando justificar o silêncio do VAR, Fala Sério aponta o protocolo firmado:
“…Ah, mas então não foi ao VAR? Na ânsia da crítica libertadora, o argumento ser raso e, em geral, direcionado erradamente. O árbitro não foi ao VAR porque não foi chamado. E não foi chamado porque o protocolo assim determina…”
Sobre este argumento, a crítica nacional retruca: erros crassos reclamam alerta imediato de quem está lá exatamente pra que tudo transcorra bem.
24 horas após o jogo, a CBF suspendeu o árbitro e a comandante do VAR.
3. Marcelo de Lima Henrique – Conta-se que Confúcio, sábio chinês (551-479 a.C.), meditava sempre numa colina e ao passar por um povoado, recebia inexplicáveis xingatórios de uma velha e desconhecida mulher. Por anos, ouvia e prosseguia em silêncio. Certa vez não se conteve e perguntou: “Senhora, que bem eu já lhe fiz, pra me querer tão mal assim?”
Marcelo de Lima Henrique que bem você já recebeu do Cruzeiro, pra nos fazer tanto mal?
4.Tostão, que entende tudo de bola, curto e grosso em sua coluna de quarta-feira, na Folha:
“No final e semana, o Cruzeiro teve um jogador incorretamente expulso no início do jogo contra o Internacional e o Palmeiras venceu o Sport por 2 x 1 no último minuto, em decorrência de um pênalti muito mal marcado. O técnico Zubeldia, do São Paulo, tem razão em reclamar da não expulsão do zagueiro Lyanco e da expulsão de Calleri na partida contra o Atlético-MG, mas não tem razão em dar chiliques ter comportamento agressivo contra o árbitro.”
5. João de Deus Filho, na coluna anterior, emocionou milhares ao lembrar que seu netinho, de apenas 3 anos, já havia comemorado 3 títulos do Atlético.
Questão de perspectiva, meu caro João. Com apenas 3 aninhos seu neto também já viu seu time cometer dois vexames inacreditáveis, protagonizando noticias que correram o mundo: perder para o Flamengo a primeira disputa nacional em seu estádio Meu Rival Venceu e, o pior, não ser capaz de ganhar do Botafogo, na final da Libertadores, mesmo tendo o adversário perdido, por expulsão, seu principal volante, com um minuto de jogo.
E mais, você, meu querido vovô, quando é que viu ou ouviu falar do primeiro título de seu time? Não vale aquele, de 1937, disputado contra as Forças Armadas doado pelo astuto e competente presidente Ednaldo, da CBF.
6. João de Deus Filho-2 – Volta pra falar agora de um sobrinho cruzeirense, de 6 anos, que ainda não viu nenhum título do seu Clube. Calma, João, deixa ele crescer mais, conhecer futebol, ver as histórias dos times. A umbilical ligação de um deles com a FMF. Ler as “páginas heroicas, imortais…” Visitar a sala de troféus do Cruzeiro… saber quem é o único hexa campeão da Copa do Brasil… o melhor clube brasileiro fora do eixo Rio-São Paulo… a quarta maior torcida do Brasil.
João, meu caro, ele ainda vai aprender muito e é possível que durante esse aprendizado as coisas em Minas tenham voltado para os lugares certos.
7. A nova camisa – Com gola, branca, listas azuis grossas horizontais e o escudo tradicional, estrelas cercadas. Está dividindo opiniões. Com o radicalismo próprio de nossos tempos, linda ou horrorosa. À primeira vista, as listas assustam. Não estamos acostumados. Gostei, com a restrição de sempre: estrelas soltas ficam muito melhor.
8. Fernando Rocha – Domingo, pane na Internet me impediu de concluir e enviar a coluna pra edição em São Paulo, com meu neto Rafael Rocha. Pra não ficar em falta com os corajosos leitores, de noitão apelei para o Fernando. Tentou escapar, mas acabou aceitando, pra felicidade geral. De impressionar a manifestação de vários grupos, reencontrando uma pena conhecida e admirada.
Aos que me deram a honra de perguntar, respondo: Recebi a benção divina de três filhos maravilhosos e ainda não sei qual redige melhor. Com benção adicional: cada qual com uma das três profissões do pai. O jornalista Fernando, o advogado Gustavo e a juíza de direito Diva Maria Rocha.
O gosto e a prática de redigir começaram cedo, com a leitura. Livros eram franqueados, sem limites. Ficavam fora da mesada.
Como nada é inteiramente perfeito, Gustavo é atleticano.
GARIMPO
“Trago comigo as feridas de todas as batalhas que evitei.”
(Bernardo Soares, heterônimo de Fernando Pessoa (1888-1935)
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